A rua é o espaço público onde a história se desenrola. Lugar de passagem, de pressa e de movimento, a rua, neste livro, atua como um narrador que vai conduzindo as personagens no espaço e no tempo durante o trajeto, ao mesmo tempo que oferece elementos que provocam e alimentam o diálogo entre mãe e filha.
Enquanto a mãe está focada no caminho, é a filha quem vê. Essa inversão de papéis revela como as crianças costumam enxergar o que os adultos, talvez, desaprenderam a ver e a se importar.
As perguntas da menina são simples, diretas, mas traduzem o peso do que não consegue compreender. A mãe acolhe e procura responder, no entanto, suas respostas cuidadosas, mas genéricas, parecem gerar novas dúvidas na criança. Entre uma fala e outra, um cenário, uma faixa de pedestre, uma praça, o silêncio também a ocupa os espaços no diálogo verbal e visual durante todo o percurso.
“Eu não me esqueço da expressão de inconformidade e incompreensão nos olhos dos meus filhos quando tomavam consciência de que pessoas podiam viver em situação de rua, desamparadas, desumanizadas, invisibilizadas, desprovidas de suas necessidades básicas e de sua dignidade. Foi por isso que escrevi O nome do moço, por nunca ter me esquecido do olhar de meus filhos nem ter deixado de me indignar e me afetar quando vejo uma pessoa dormindo na rua, ou revirando latas de lixo.”
Márcia Leite
“Eu me identifiquei muito com a personagem mãe deste livro, tanto, que custei a terminar de ilustrar. Passei muito tempo pensando, acordava e ia dormir sem conseguir começar. Um texto difícil de ler, também é difícil de ilustrar. Escolhi o caminho da monotipia, queria uma técnica marcada pelo incerto, com texturas e “erros”, que dialogasse com a complexidade do assunto, mas que também trouxesse algo de afetuoso, humano, vibrante, ambíguo como a cidade grande.”
Bruna Lubambo
sobre a autora
Márcia Leite é paulistana e tem livros publicados por diversas editoras, alguns deles premiados e integrantes de programas governamentais e institucionais. Os livros Olívia tem dois papais (Companhia das Letrinhas) e Do jeito que a gente é (Ática) foram finalistas do Prêmio Jabuti, respectivamente nas categorias Infantil e Juvenil. Poeminhas da Terra (Pulo do Gato) recebeu os selos Altamente Recomendável, da FNLIJ, e o Distinção Cátedra 10 de Leitura Unesco/PUC-Rio. Aqui entre nós ganhou o Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira na Categoria Juvenil, em 1994, além do selo Altamente Recomendável, da FNLIJ. Formada em Língua e Literatura Portuguesas pela PUC-SP, atuou como professora e assessora pedagógica e continua trabalhando na formação de leitores e educadores, ministrando cursos, oficinas e palestras. Márcia é editora e fundadora da Editora Joaquina e, por treze anos, foi sócia-fundadora e editora da editora Pulo do Gato.
Sobre a ilustradora
Bruna Lubambo nasceu em Santos e foi criada em Timóteo, interior de Minas Gerais. Formada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), conheceu as linguagens da gravura, serigrafia, desenho e pintura em cursos e oficinas livres pelo Brasil. Publicou seu primeiro livro autoral, Dentro de casa (Ed. Aletria), em 2020, com o qual recebeu o selo Cátedra da Unesco de Leitura/ PUC Rio e foi finalista do Prêmio Jabuti na Categoria Livro Infantil. Desde então, sempre diversificando técnicas e materiais, Bruna publicou inúmeros livros por diversas editoras e teve alguns de seus trabalhos reconhecidos com o selo Altamente Recomendável pela FNLIJ, com o Selo Cátedra da Unesco de Leitura, além de ter sido finalista ao Prêmio Jabuti entre outras distinções.